sexta-feira, dezembro 31, 2004

Promessa

Que o mundo não sinta
Como eu o sinto
Ao olhar para aquela meia lua
Sentir-me um quarto minguante
Em alma crescente

O olhar em mim pára
Gelado, por um frio pensativo
Procuro os passos para casa
Sem saber o onde desta

Apenas desejos correm o meu caminho...

Caminho que vejo hoje
Esqueci amanhã

Por desejos não serem marcas para mim
Quero aqui, estando eu ali

Nesta distância percorre a minha incerteza
De no futuro não versar assim
Que no meu pensamento haja um motim

quinta-feira, dezembro 30, 2004

Primadona

Vejo a beleza celestial
Que se esconde no céu vidente
Onde as estrelas são escravas e a lua serviçal
Ocultando um amor em quarto crescente

De tom natural e radiante
Desce do altar e encante
Com um sereno gesto de doçura
Despertando na agreste solidão....a ternura

Cada palavra sua são dez mandamentos
Todo o resto do universo verbal deixa de ter fundamentos
As melodias da sua boca soam a amor
Harmoniosamente libertam o coração do pudor

Apenas um olhar com candura
Para que o impossível seja seu
Levar o homem ao inferno de Dante, á loucura
Onde espera em chamas por um beijo seu

quarta-feira, dezembro 29, 2004

Paixão Mítica

Não há distância nem ilusão
Que deite por terra o primeiro olhar

Ver-te num encanto de maresia
Sentido num enjoo de tensa paixão
Mergulhaste no fascínio dos meus olhos
E neles ondulaste por versos de amor

Talvez seja a magia desta terra mítica
Que te torna a sua filha mais bela

Mas a razão dissolve o mito
Esta mesmo que te leva ao meu coração

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Verdade Infinita

Quando na terra já ninguém canta
Cai alguém do céu que me encanta
Não chuva fria coberta de vento
Sim, doce dourada visão com novo alento

Fresca, cremosa, loucura sedenta
Bebo em ti o que mais me alimenta
Algo que me mata a fome
Quando a alma pronuncia o teu nome

Tudo o que é novo, de novo acontece
Uma beleza divina que em ti se esquece
Nos teus olhos vive perdida e fogosa
Floresce em ti viva e perfumada como uma rosa

Procuro atento nos teus lábios
A razão que escapa a todos os sábios
Doce som infinito com fervor
Que a vida fez rimar com amor

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Hino ao Professor

Todo o tempo que vive em mim
Recordará os nomes que ensinei a escrever
Esquecendo-me por vezes do meu
Pela razão das vezes que chamei o seu

Das mãos saíram-me rebentos saudáveis
Alimentei-os com o leite da verdade e do conhecimento
Para criarem raízes na felicidade
E não serem levados pelo que não e vento

Não é vento, mas tempo que me deixa assim
Rendido a vontade de crescer e ver partir

Estranho é este desejo de derrota
Para que eu olhe nos seus olhos
E neles me veja sorrir

terça-feira, novembro 09, 2004

Força

Solta-te força que estás vedada
Quebra as correntes que te prendem ao nada
Explode e devora essa vontade que não a tua
Delicia-te, sobeja a verdade nua

Deixa-te jorrar para além do fim
Além da morte da esperança
Vinca os teus passos em mim
Marcha em frente porque assim não cansa

Agora que o teu domínio que é o topo
Vai! É o principio da escalada
Eleva-te acima do imaginário
Onde sem fim és desejada

sexta-feira, novembro 05, 2004

Volta

Amor que foges de mim
Chora mundo que eu não consigo

Sofrimento, dor de mudança
Afasto-me, e não procuro distância

Chama-me e repele quem me chama
Não sou que caminha para longe de mim

Grito, Volta!

Dou assim por mim parado na lucidez...

Amor soas-me tão vago...
Escuto as recordações falarem de ti
Oferecem-me uma falsa vontade

Só me protege num nada
Que afasta-me de tudo
O que é corrente desalinhada

quinta-feira, novembro 04, 2004

Nascimento

Estou aqui em mim
Estou a nascer......

Não!

Não, não grito.....Choro!
Salva-me som maldito
Da florescida morte.

Recordo-me de não existir nada
Só uma brisa pausada
Que se derrama sobre mim

Limpa-me de um mundo magno
Deixa imperar a vontade dos puros
Para toda a eternidade

Ver o conhecimento escoar no tempo
Afunilar-se no nada
Desejo reforçado de egoísmo

Cresce solto em mim
Recorda-me assim aquele doce nada
Voz de uma paz imaculada

segunda-feira, novembro 01, 2004

A ti mulher

Amo-te a ti mulher
Que ouves o meu todo cair por ti
As tuas mãos que me agarram a alma
Destronando-a de um lugar
Que pensava escapar ao teu feitiço

Volto a clausura da tua vontade
Onde me alimentas com sementes de esterilidade
E mais falsa esperança que dizes ser liberdade

Liberdade de encher o peito de ar
Soltar então uma melodia
Que afaste toda a imagem fria

Novo alento, mais alegria
Torno-me feroz guerreiro
Volto a lutar pelo teu amor
Ferido, mal amado

Corro para ti mulher
Nunca desertor, nunca cansado

terça-feira, outubro 26, 2004

Esotérica

Rapariga de olhar afeiçoado
Turvo de ópio molhado
Sorriso de inferno gelado
Uma luz que escurece o pecado

Rosto onde falece a mentira
Só deixada por sentimentos remotos
De cor nula e viva
Perde-se por todos os pensamentos

Reflexo imaginário num rio
Espírito que corre de água em fio
Quente dá-se ao frio
Oferece espaço ao imenso vazio

sexta-feira, outubro 22, 2004

Atlas

Um gigante vive em mim
Num ser de palmo e meio
Cresce o poder em si
Quebrando qualquer freio

Uma ambição que arde em vontade
Fogo que não se apaga pela sua imortalidade
Força de aspecto suave e incauto
Que explode para alem do ponto mais alto

Um querer que abraça o universo
Sem palavras,seja prosa ou verso
Onde a dúvida se torna um deserto
Ao ver tudo tornar-se certo

segunda-feira, outubro 18, 2004

Vivo ser

Encontrei neste espaço, lugar, mundo
Pessoa procurada pela juventude
A toda a força que a domina
Na qual nunca foi cobarde
Perdeu sem encontrar a verdade

Vive sólido em ruína
Num império de sitiados
Ricos em almas cavernosas
Onde alicerça lágrimas de suor, areia sem dor
Pujantes e viris colunas de amor

Assim o encontrei de aspecto veraneio
Trazendo nos bolsos a saudade fugitiva e perdida
Na qual se sabe e não se esquece.......

Que juventude não mente
A Primavera se sente

sexta-feira, outubro 15, 2004

Cantinho

Estou em casa
Amarrado a uma pacificidade
Entre nós de serenidade
Descanso eu, que durmo em saudade

Nesta verdade
Que em tempos teve menos idade
Que tanto sentiu a liberdade
De amar a leviandade

Feliz sou
Pois assim conheço a felicidade
Mesmo se dúbia for a realidade
Tudo depende da vontade

Finalmente
Voltei a minha cidade
A uma velha mocidade
A que juro para sempre lealdade

domingo, outubro 10, 2004

Menina do Douro

A noite torna-se chuvosa e fria
Como é preciso que alguém sorria
Dar-me a beber o néctar do Verão
Algo mais vivo e quente
Como a Primavera de um coração

Essa explosão de doce paixão ardente
Que soa leve e deixa-me clemente
Perdido em espelhos de um rosto encantado
Onde se cai feliz e apaixonado

Tendo na memória sonho inexistente
Tremo de felicidade da realidade presente
A quem o mundo não poderia dar mais cor
Fazendo cair na inveja o sentimento que é o amor

domingo, outubro 03, 2004

Atitude

Repouso na sombra fria do mar
Sol pela janela, quente a esvoaçar
Um espirro de felicidade atira-me ao céu
Suspiro meu debaixo do chapéu

Uma caravana de ideias
Pernoita em mim
Descansa com as mãos cheias
Do fogo que emula o sangue sem fim

Sabor que explode sem temor
Enérgico, Sedutor, cativa o amor
Dá esta sua vontade sem perdão
A realidade de furor ao coração

segunda-feira, setembro 27, 2004

Ás voltas

Perco-me em mim
Deslizo num regaço de solidão
Calmo, fixo e vigente
Onde a alma esquece que a dor mente

Cai a cabeça sobre ombros encrespados
Acariciada por um fogo nublado de paixão
Que não funde pelo rosto a prata
Mais fortalece os lingotes do coração

Caminho num labirinto de ociosidade
Onde estou.....Para onde vou!
Passo certo? Destino incerto....

Perdido em mim com esta cabeça
Tudo em volta fosse assim
Para que uma saída aconteça

segunda-feira, setembro 20, 2004

Deriva

Mergulho bem fundo
Nas águas que separam o mundo

Dou por mim afastando
Um mar cheio de encanto
Que nos troca os sentidos

Ocultando segredos profundos
Onde nenhum tesouro poderia encalhar
Tento eu clandestinamente naufragar

Corto entre marés que se enrolam
Formam um corajoso turbilhão
Que se parte contra mim

Caindo nas margens da profundidade
Soltando bijuteria, sentimentos e palavras
Que escrevo na agua
Guardando numa memória solúvel

O mar em si se afoga
E chora ao olhar para trás
Torna-se leve e macio
Por onde deslizo sublimado
Vendo uma superfície
Onde conheci tudo e o todo

Agora explicar
Nada mais do que nada

domingo, setembro 19, 2004

Existencial

Busco um bolso imaginário
Onde tenho a minha identidade
Um documento fraccionário
Contendo uma grande verdade

Procuro na minha razão
Um feitiço que liberte fantasmas
Procurar no óbvio o condão
Do mundo se defender sem armas

Sinto a roda dos sentimentos
Brincar com a minha vontade
Dizendo que o elo que parte em mim
É o amor, a mais pura felicidade

sexta-feira, setembro 17, 2004

Tempos felizes que vivam

Agora
Perdi a memória
Alguém o disse no tempo
Tudo isto fica para a História
Um gesto, uma cor, um pensamento

Minto
Se sei para onde vou
Se tudo são retalhos do passado
Um futuro onde tudo balança
Num desejo equilibrado

Sem
Água que me lave a razão
Uma corda sufoca-me a vontade
De levar a mão ao coração
Buscando uma estranha saudade

Ter
Nunca alguma necessidade
Agarrar o barro do mundo
Molda-lo na felicidade
Dar-lhe um verdadeiro fundo

quinta-feira, setembro 16, 2004

Alma Mater

Minha mãe
Mãe natureza
Fonte de vida
Meu estado de pureza

Cresço em ti
Perdido na idade
Dá-me o teu amor
Oferece-me a eternidade

Vivo nos teus braços
Alimento-me do teu leite
Sorrio para o prazer dos teus olhos
Vendo-me por ti aceite

Perdoas o que faço
Quando te envelheço e torno-te febril
Não vês sina nem pecado
Mas um desejo que repetirias por mil

segunda-feira, setembro 13, 2004

Ser

A todos nós peço
Esbocemos um pequeno gesto
Um traço do nosso amor
Para um mundo quase sem cor

Não procuremos tão longe
Aquilo aqui tão perto
Dar á vida um coração
Um dilúvio a um deserto

Sejamos vagas de esperança
Tempestades de vontade
Que levem o próximo a bom porto
Num barco chamado felicidade

Cada dia mais forte
Pois não existe o que chamamos sorte
Quando lutamos até sentir a dor
Por um mundo com mais amor

quinta-feira, setembro 09, 2004

Night

She called me before dawn
Took me to a place lost in her
Taught me more than fly
She let me go far than the sky

Showed the diamonds hidden in her heart
The love stone between millions of stars
Burned me with the fire on her hands
Like the hottest summer sand

Than took me to nowhere
Laid me on her breast full of wind
Tenderly, putted her dark fingers on my face
Sweeping any kind of sadness trace

She´s my misterious mistress
Forever mine
Less it glitters
When you try to make her shine

segunda-feira, setembro 06, 2004

Intro Reality

Que vontade, que contrariedade
Que sinto nesta verdade

Uma causa, um sintoma patriótico
Revitaliza o que é catastrófico

Heróis deste meio mundo
Peca por não ter fundo
Onde tudo é um nada limitado
A lua um sol disfarçado

Eclipsando os poucos inocentes
Perdidos em campos indecentes
Tudo gente de boas intenções
Que concretizam as más acções

No coração da mãe da humanidade
Cuja dor é a pura realidade
As forças da vida que hesitam
Perante sombras iluminadas

O homem e as suas obras criadas
A plástica da outrora natureza
Cortes sem dó cheios de frieza
Gelando até mesmo a nossa tristeza

sábado, agosto 28, 2004

Mais

Hoje sou um poço de coragem
Amanhã é uma nova viagem
Neste mundo cada vez mais distante
Onde há quem chore e quem cante
Pela sua vida ter sido uma razia
Ou talvez ter salto a fasquia
Do sucesso ou ousadia

Terras de ténue fronteira
Como rir e estar apaixonado
Ser um riso amaldiçoado

Que baloiça em olhos castos
Caindo em pensamentos nefastos
Deita em lágrimas a alma
Beijo-a chamando pela calma

Que troça e foge de mim
Pelo que sou e ter coragem do ser assim

sexta-feira, agosto 27, 2004

Voltar a casa

Vou voltar para casa
Ler o mapa que me leva ao coração
Vou fugir da terra da incerteza
Que se torna em cada dia uma prisão

Vou dar de beber a alma
Que de perdida esquecia-se de estar sedenta
Dilui-te no néctar da calma
Mata a sede e mais alimenta

Vou voltar aos tempos que já não voltam
Viver o que já não posso viver
Não recordo de forma alguma o passado
Sim, ter uma razão para crescer

Vou ouvir a minha voz
Mais alto do que qualquer outro som
Ignorar toda a melodia atroz
Que não afine com este meu tom

Vou mais que tudo olhar em frente
Sentir o que deveras se sente
De volta ao meu coração
Onde a incerteza é uma ilusão

terça-feira, agosto 24, 2004

Oceano existencial

Longo oceano distante é a vida
Desejada aventura que termina perdida
Numa costa abrupta e rochosa
Outrora praia doce e arenosa

Onde as ondas agora se enfurecem
Por ver que as forças da natureza perecem
Ao viajante incansável que é o tempo
Que tem a razão de cada momento

Neste longo oceano distante....

Dando por vezes a sensação de deriva
Esquecendo-se que a esperança se mantêm viva
Nestas águas que o importante não é mudar
Sim continua-lo a ser e novamente criar

domingo, agosto 22, 2004

Biografia 19

Eu sou o que sou
Eu sei o que sou

Antes de o ser, já o era
Pelas ideias, pelos actos
Pelas razões, pelos factos
Por criar e não fazer
Estar cego e no entanto ver
A grandeza do que é pequeno
A pequenez do que é grande

Nasce-se pequeno, morre-se grande
Pelo meio a estupidez se expande
De baixo para cima
Da direita para esquerda
Como um livro que se abre
Sem conter uma única letra
Devoradas pelos meus olhos
Por os outros também
Os intelectuais que usam óculos
Para pensarmos que vêem bem

Ao lerem os sonhos dos que sonham
Tornando-os assim mais pequenos
Sem qualquer tipo de grandeza

Grande adversidade, pequena certeza
Porque assim não o sou
E talvez não o seja....

quinta-feira, agosto 19, 2004

Poesia

As aves são os olhos do poeta

Voa no céu do Olimpo
Vislumbra o vale da fantasia
Sobre o pedestal imaculado
Leva nas suas asas o sonho
Preso ao brilho das estrelas
Que esquece e não sente
A doce dor da alma
Jamais enganada pelo ouro dos loucos

Pois é tempo de conhecer o tempo
Rasga a canção de embalar
Traulitada pelas areias ilusórias

Desperta! E vê
Olha o céu de olhos fechados
Como quem com eles abertos não vê

quarta-feira, agosto 18, 2004

Fernando Pessoa

Pessoa....quem és tu Pessoa?
De onde vens........
Sentado aqui
Tão longe de ti

Escreves o quê pessoa?
Envolvido na capa negra
Olhos que alumiam
O teu mundo de solidão

Porque tremes pessoa?
Ai pela pena, felicidade
Cores do arco íris
O sorriso duma criança

Onde vais Pessoa?
Espera, amiga sombra
Agora sei.....
« Não evoluo, viajo »

segunda-feira, agosto 16, 2004

Epopeia do pescador

Na calada da noite
Vão os pescadores para o mar
Com as suas redes
Os filhos para ensinar

Ouve-se o respirar profundo da ondas
Sentido pelo receio dos homens
A brisa embala o Adamastor
Deitado nos rochedos monstruosos

Vai saga da tradição!
Na tua faina pescador!
A família ficou na costa
Procurando tu rotas para terra

Contas as tuas peregrinações
Pelo paraíso dos homens
Viste a mãe natureza
Atear fogo aos céus

Na euforia desmedida
Despertas os imperadores da história
Continuas violentamente a remar
Pelas águas escuras e temerosas

Por fim
Naufragaste na abundância
Já não havia para pescar
Voltas a casa desiludido
Cheio de histórias para contar

domingo, agosto 15, 2004

Palavra

Pecado da ilusão
Muitas acompanhadas pela solidão
Vivem nos braços da sedução
Esvoaçam como penas no coração

São escritas no papel frio
Velhas amigas do desafio
Pintam os sonhos que crio
Dando um nome ao que é vazio

É a melodia harmoniosa
Bela por ser silenciosa
Senhora sempre gloriosa
Heroína da causa vitoriosa

domingo, agosto 01, 2004

Outono da vida

Chegou a negra Primavera
Pequena folha
És pálida e seca
Na mão do tempo

Temes a brisa da solidão
Sabes que vais partir pequena folha
Repousas nos braços da tua mãe
Tirando proveito da sorte

Acordas inquieta e dura
Caída no chão pequena folha
Rodopias com as tuas irmãs
Com saudade da verdura
Pequena folha...........

sábado, julho 31, 2004

Ophélia

O sol fugiu á noite
Consigo veio o dia
Quando um anjo desceu á terra
Oferecendo-me o amor com alegria

Iluminou os meus olhos escurecidos pela dor
Pálidos por um dilúvio de lágrimas
Castigando um desertor
Que fugia á guerra do amor

Rendi-me á sua beleza
Pois toda ela é uma certeza
De não haver mulher no mundo
Que me desperte desejo mais profundo

No seu corpo nascem rosas
Na sua mente a inteligência crescente
Libertando palavras fervorosas
Que amam quem as sente

Surgiu assim da noite
Como um sonho sem fim
Que realidade tão doce.....
Mais que fosse para mim

sexta-feira, julho 30, 2004

Música

A música são os sonhos
De quem nos faz sonhar
A melodia sem destino
O timbre vespertino
Que nos encanta ao despertar

Onde a vida é uma harmoniosa ária
O mundo a perfeita sinfonia
A amizade com “molto allegro”
Esquece na serenata a monotonia

Toda uma orquestra de sons
Que dispersam pela mente
Dando cor aos sentimentos
A tudo um tom diferente

quarta-feira, julho 28, 2004

Mulher

Mulher........
De onde nasci
A quem amo
Mais ainda depois da morte
Ao sentir a sua falta
Deus na sua Criação
Cometeu uma imperfeição
Ser a mulher uma costela
Como um sonho ser um pesadelo

terça-feira, julho 27, 2004

Gente sem rumo

Escuto música
O orgulho da poesia
Som do fado triste
O encanto da maresia

Lamentos de espíritos errantes
Buscam a origem na pátria distante
Viajam na rota do ouro e do levante
Longe da terra de Camões e Cervantes

São filhos das areias do tempo
Imortalizados pelo sangue quente
Vivem na magia do céu prateado
Onde a sabedoria torna-se vidente

segunda-feira, julho 26, 2004

Lua dos Homens

Percorre a serra dos malditos
Num longo mar de prata
Cria virtudes na vida
Quando o sol no horizonte se mata

Velha amante dos filhos das estrelas
Bebem o vinho das vozes estridentes
Dançam na simplicidade da noite nua
Enquanto as sombras esperam clementes

Entoam-se os cânticos fatídicos
Crepita o espírito guerreiro
No fogo do lago prateado
Tudo é um sonho verdadeiro

Encanto pela chama verde
Que embala as emoções
O feitiço da lua
Que arde nos corações

domingo, julho 25, 2004

Momentos

Sou jovem
Agora que vou ser velho...

Desejei em criança crescer
Para não perguntar
Simplesmente saber!

Sou velho
Mesmo sendo jovem...

Desejo para criança crescer
Curioso, perguntar ?
Fascinado, perceber !

Sou criança...
Um jovem com o pesar dos anos
O velho da puberdade
Espírito sem idade...

sexta-feira, julho 23, 2004

Missionário

Desconhecido...

Algo faz sonhar o espírito
As raízes da alma
Na tempestade se acalma

A peregrinação...

Que persegue o sonho
Vive sem liberdade
Preso nessa verdade

Esperança...

Ter mais que o tempo
Nunca chegar á conclusão
De uma vida em vão

quinta-feira, julho 22, 2004

Lua

Neste momento
Vêm a noiva do dia
Soltou o véu
Sussurrando magia

No silêncio chamou-me
Ao seu encanto negro
As sombras vivas
Corriam pelo seu corpo...

Gritos na escuridão!
A vós mãe fria e nua!

Vossos filhos errantes
Pedem a imortalidade!

Foragidos pela noite
Rasgos na solidão
Saga da lealdade
Dama de estranha paixão

quarta-feira, julho 21, 2004

Leito do amor

Volta o amor
Almofada do poeta
Segreda com pudor
Velhos sentimentos que enceta

Vivem as palavras
Entre a alegria a emoção
Bebem da pura fonte
Do cristalino coração

O amor uma verdade
Quando realidade
Beija o espírito
Num sopro de simplicidade

Torna-se fantasia
Antigo desejo, recente sonho
Talvez agora sorria
O eterno tristonho

Ser esta vida sem amor
Verter da rosa a profunda cor
Morrer para viver
Escapar á magia á dor !

terça-feira, julho 20, 2004

Lanterna Vermelha

Olha como te encontrei no dia
Tão diferente, não te conhecia
O meu espanto de te ver á noite
Com os clientes que fazes de dia

Todos o dizem que é uma animação
Chamam-te a Betty Boop da esquina
Sensual, Marilyn Monroe “a fina”
A usada mulher que diz ser menina

Toda a malta fica desatinada
Ver-te entrar em casa camuflada
Gritam : “Já tenho para esta noite”
És pouco, mas sempre melhor que nada

Todos sabem o teu nome
Todos por uma simples razão
Não, não é por profissão
Mas sim por seres de alma e coração

segunda-feira, julho 19, 2004

O homem que escreveu a bíblia

O homem que escreveu a bíblia
Caminhou entre nós
Ofereceu-nos a sua fé
Até lhe sucumbirmos a voz

Chamou-me por irmão
Falou-me de Abel e Caim
Dizendo que a minha escuridão
Haveria de ser o seu fim

Que gesto tão atroz!
Do qual lavo as mãos
Recebo esta herança
Como Pilatos o fez então

Perguntei-lhe quem era
O meu nome retorquiu
Senti-me uma fera
Que a si se consumiu

domingo, julho 18, 2004

Guerra

Ouvir-te
 
Ouve-se a dura tempestade
Enquanto destrói sem razão
Os destroços ocultam a verdade
No bulício inconsciente sem duração
 
Correm pelas suas vidas
Soltam-se os gritos e a dor de quem ?
Entre ruínas, natureza destruída
A nuvem negra não deixou ninguém
 
Tempestade que é embalada aos quatro ventos
Nunca conheceu a bonança
Nem viu réstias de esperança
Entre reflexões e lamentos

sábado, julho 17, 2004

Galileu

Ai Galileu, Galileu!
Quero ir ao fim do mundo
Saber quem sou eu…

Vou subir ao alto do monte
Esperar ver alguém
Não sei se conte
Que não vi ninguém…

Vou descer ao vale
Onde reina o rio
Era o mar sem sal
Quem nunca viu !

Vou percorrer a planície
Cego pelo perfume das rosas
Têm espinhos como Circe ?
Estas flores tão formosas …

Conheço meio mundo
Só falta o céu a terra e o mar

Sim Galileu
A terra continua a girar...

E o universo ?
Vou por ai viajar..........

sexta-feira, julho 16, 2004

Fugir

Vêm liberdade !
Quanto te chamo!
As vezes que desertas
Em batalhas incertas!

Traz-me o fogo !
O gelo que arde!
Nas alvoradas que nascem tarde...

Devolve-me o grito !
O som que chama á razão...

De quem fala sem língua
E vive sem coração!

Quero a água !
Não aquela que chora...
Nem mesmo a inodora
Pois dessa bebi outrora...

Sem mais demora...

Encontra-me a mim
O vento que leve as cinzas
De alguém sem fim...

quinta-feira, julho 15, 2004

Extremos

Acordei longe de mim, afastado do mundo
Perto de ti

Preso a uma teia que não a da minha vida
A batalha que ninguém vitoriou
E levava por vencida

Traído por olhos guerreiros
Desafiando o amor
Como raios de sol reflexos em diamante
Tão cintilante como a minha dor
Apenas o seu sorriso como amante
Não atentava ao meu pudor

Feliz por ser eu a chorar
Não que goste, mas sim por amar
Nunca ver o seu rosto em lágrimas
Para que a vida não seja algo em vão
Vou mergulhar e afogar-me
Nos seus olhos de fervilhante paixão

Beber todos os seus desesperos
Os infinitos oceanos de medos
Ter este espírito seco para reter
O que o amor não pode conter

Senti-me assim mais perto de mim
Senti o mundo, senti-te a ti!

Olhei e uma lágrima deslizava-te pelo coração
Despertei de verdade, angustiado com a razão...

quarta-feira, julho 14, 2004

Eternidade

Sempre a vontade dos homens determinou o mundo...

Criar uma vereda para o sonho
Ter saída para a realidade do paraíso
Revoltar-se contra a clandestinidade do espírito
Roer as correntes que nos prendem ao silêncio

Marchar sem dor com paixão e amor
Para deixar os medos nas frias paredes

Pisar a caruma como sinal de esperança
Para nunca acordar em sobressalto
Com o dobrar dos sinos
Nem adormecer com o receio de traição

Caminha-se na estrada quente e suada
Onde o corpo padece e a alma enriquece
Reconfortada pelo olhar tímido e consciente
De quem ama e vê partir o amor

Assim como os homens são separados pelas águas
Pelos vários oceanos da vontade

Sem crer na única verdade
A união que é a força da amizade

terça-feira, julho 13, 2004

Estrela cadente

Vêm pelos céus
Estrela cadente
Ilumina o universo
Com um beijo ardente

Viaja pelo desconhecido
Por caminhos nefastos
Causas inveja ao sol
Oh! mais belo dos astros

Todos pedem um desejo
A ti fogo de magia
Fazes sonhar acordado
Deixas um rasto de fantasia

segunda-feira, julho 12, 2004

Palavras errantes

São palavras que se arrastam
Pela tempestade fria, escura
Letras que se afogam
Num espírito sequioso

Palavras gritando por amor
Que as salvem do naufrágio
Mergulhadas na sua dor
Nas águas passadas

Vivem os tormentos intemporais
Esperam a bonança
Os faróis imaginários
Não perdem a esperança

domingo, julho 11, 2004

Enfrente e verso

Enfrente e verso

Dormi, acordei
Comi, vomitei
Andei amarelo
Vermelho de cansado
Verde de inveja
De quem anda apaixonado
Sento-me numa cadeira
Com uma mesa quadrada á beira
Leio as folhas rectangulares do jornal
Enquanto um cilíndrico cigarro queima-se mal
Os olhos abrem-se na vertical
Vendo numa linha horizontal
Ficando obtuso com mais de 90º
Ao ver um raio de luz
Oferecer-me a beleza mais original
Destacando-se da ora prima
Sendo quente, fria ou natural
Como o amor a água mata a sede
Naqueles dias de sol quente
Quando as nuvens fazem frente
Há sempre quem atente
Levar-nos para a via láctea
Onde os sentimentos vivem nas caudas dos cometas
Apanhar o próximo astro
Para deixar-me nos lábios da estrela mais perfeita
Podendo ser uma supernova
Expelindo-me num fogo de luz
Para a poeira do universo
Caindo num buraco negro
Onde apenas converso
Com a terra que permite o disperso

Novamente
Dormi, acordei
Azul eu sei
Seguro me sinto
Verde a esperança que admito
Quando amarelo é preciso ter cuidado
Porque o vermelho muda de cor
Nas suas chamas ardemos
No seu sangue consumi-mos o amor

sábado, julho 10, 2004

Ela

Doce e bárbara
Como o vinho adormecido no mosto
De lábios quentes e fatais
Onde me consumo em requintado gosto

Olhos embebidos em incerteza
Num rosto que foge á solidão
Uma carícia luminosa
Desperta fogosa paixão

Toda ela é mulher
Todo o homem desejaria no seu leito
Como a primeira flor de primavera
Fazendo inveja ao amor mais perfeito

É ela que faz os sonhos
E nos obriga a sonhar
Tê-la sempre no meu regaço
para na eternidade a amar

sexta-feira, julho 09, 2004

Droga

Este amor que mata
Arde enquanto o viver
Vidas com sonhos de ouro e prata
Ignorância até ao perecer

A chama do amor
Que se está a propagar!
Anos a alimentar a dor
Quando acaba-se por apagar

Querem sentir este amor...
Uma teia carnal ou espiritual
Deliram no seu fulgor
Presos num pecado pouco original...

quinta-feira, julho 08, 2004

Diário

Conta-se histórias
Retalhos da vida
Filão de memórias
Alusão despercebida

O fiel confidente
Onde a palavra é indiferente
Escuta sem ripostar
O passar da corrente

Tudo toma sentido
Simples de perceber
Recordar o vivido
Continua-lo a viver

quarta-feira, julho 07, 2004

Chove

Chove, chove, volta a chover
Talvez parar
Signifique morrer

Por isso chora...
Porque frio e salgado é o mar!
Deixa a correr a cascata
Por essa janela que dá que pensar...

A chuva... Companheira da solidão...
Percorre escombros e fendas da tristeza
Limpa o passeio da desilusão

Abre novos caminhos ao coração
Faz renascer a estrela da manhã

Que alimenta a flor no parapeito da janela…

Quem a viu em lágrimas...
Nem sabe se é ela

terça-feira, julho 06, 2004

Conta-me histórias......

Caminhava sonolento e desperto
Por aquela calçada de piso desconfiado...

Quando alguém da sua janela disse...
Acorda! Porque já não sonhas...

Olhei e não vi ninguém...
Só eu verdadeiro, sólido, real
Que desespero o foi.........

Levantei a voz ao céu
Procurei com os olhos o infinito
Como se procurasse o mundo
Debaixo dos meus pés...
U
ma luz subiu-me pelo peito
Deixou-me surdo e cego
Roubou-me a minha voz
Para depois a devolver com o amor

Então a vi...
Da sua voz soou o que não percebi
Ou algo que a minha voz o diz...

Tentei calar a voz...
Essa que nascia de tão profunda..
Vertia timidamente, em lágrimas
Da fonte do coração

Nas suas águas, estava o seu reflexo
Apenas sublimado digo.....
Os seus olhos, o seu olhar......
Os seus lábios, que tentei beijar.....

Ao fazê-lo uma lágrima tocou a sua imagem
Como desconfiada de ilusão...
Como, não sei, mas voltei

Caminhei sonolento e desperto
Por aquela calçada de piso desconfiado
Esperando ver alguém na sua janela
Que me diga quem é ela.

segunda-feira, julho 05, 2004

Confusão

Sou um jovem
As vezes um poeta
Por isso sonhador...
Sou humano...
Choro e rio
Canto e danço

Quero gritar bem alto
E não sei porquê ?
Quero ter mais amigos
Milhões de amigos
Para conviver
Quero libertar-me
E não sei porquê ?

Quero voar como aquela águia
Sentir o vento nas minhas asas
Que me diz:
Voa, voa em todos os sentidos
Agora és livre.

Quero experimentar de tudo um pouco
E não sei porquê...

Quero vibrar de emoções!
Amar, odiar
Criticar, louvar!

Ver o azul do céu
O azul do mar
Até me saciar!

Eu quero!
E querer é poder!

Poder viver a vida
Que não repete nada
Nem uma única vez!

Portanto........
Deixem um jovem
Todos os jovens
Viverem a vida...

Isto não sei porquê!

domingo, julho 04, 2004

Cavalgada

De pé, cabeça erguida
Face a face com a vida
Com o espírito deitado
Pelos cavalos da juventude espezinhados

Senti os seus cascos apressados
Na busca da arma da paz
Os olhos revoltados
Por ser e não ser capaz

De procurar novos caminhos
Pastagens verdes como a esperança
Brotar a vida da terra
Rica em esterilidade e vingança
Onde outrora se via
A realidade e o sonho com semelhança

Os meus passos soavam-me a um simples trote
Não adianta correr sem ouvir o mote
Parar, escutar para perceber
A razão pela qual devemos correr

sábado, julho 03, 2004

Beja

Beja
Cidade alentejana
De uma só verdade
Figura espartana
Ostenta a alma
Da paz romana

Uma tortuosa calma
De fúria árabe!
Nas calçadas perdidas
Entre ruas labirínticas, esquecidas

Deixa um perfume seco, de saudade
Em quem sempre a vê
Na flor da idade...

sexta-feira, julho 02, 2004

Amizade

Amigo...
Será esse o nome
Por quem chama
O velho conhecido

Vê aquela mão
Que faz esquecer
Momentos de solidão

No sorriso eterno
Entre palavras quentes
Derrete o duro inverno

Pelo privilégio da vida
Encontrar o rosto
Sempre bem disposto
Para brincar, fazer uma corrida

Como em criança
Repleta de esperança
Ter mais de um milhão!
No vasto coração

Onde reina a felicidade
Pura verdade
De quem dá liberdade

Embora ausente
Continua presente
No leito da saudade...

quinta-feira, julho 01, 2004

Alentejo

Um mundo á parte
Onde o vento sibila
Na vastidão da planície
No coração de gente remota

Um longo oceano de terra
Onde os solitários marinheiros
Lutam contra as correntes do destino
Naufragados na desesperança da vida

Um deserto repleto de verdura
Onde o pasto seco
Oculta a beleza singular do povo
Desprovida pelos tempos vindouros

No entanto.......
O pastor continua a guardar o gado
O sol bate nas suas paredes brancas
Ao som do estalar da cortiça
Enquanto a flor bela chora...

quarta-feira, junho 30, 2004

Admissão

Choro na escuridão...

Com os dentes
Arranco o negro e o branco
Do coração!

Cravo as unhas na alma
Rasgo até sangrar!

Sair o sangue impuro
Dos poros da alma
Todo o léxico de mentiras!

Nada mais que uma sopa de letras
Cheia de pús e de gente odienta!
Que nos enganam e cobrem de razão!

Por isso choro na escuridão...
Onde há luz
Uma doce dor de viver...

Sob o olhar de máquinas hediondas
E vegetais conformistas...

Por isso choro na escuridão...

Estripar o estripador!
Este desejo coberto de sangue
Que bebo esperando o amor!

Por isso choro na escuridão...
Onde não há asas para voar
Nem âncora para afundar

Tiro a cabeça, é um troféu!
Que vaidade ! que desprezo !

Pelo que sou, pelo que desejo...

Nada!

Um grão de pó
Se não for pedir demais !
São tantos e sós...
Que não poderiam ser mais

Por isso choro na escuridão...
Que mais...........

terça-feira, junho 29, 2004

Vida a três tempos

Vivo de recordações
De um passado tão presente
Presente aqui no futuro
Um futuro cheio de história

Vivo do natural
Um presente sempre passado
O passado com velhos presentes
Velhos presentes relembrados no futuro
O futuro de inúmeros presentes

Vivo do desconhecido
Este futuro que é presente
Presente em todos os passados
Um passado sempre inesperado

Seguem as palavras...

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